sábado, 30 de dezembro de 2006

Voltaire

Se queres conversar comigo, define primeiro os termos que usas.
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Reflexo (6)

Parte 8
Cinemascope [16:9]


Tudo aconteceu, já. Nada falta. Nada.

Os amigos que vão e vêm foram, ficaram ou voltaram; aqueles que tiveram sexo tiveram-no com soluções prontas e seguras, ou sem soluções, com prazer ou sem ele, com ou sem sexo; as drogas toldaram-nos os pensamentos momentaneamente para que pudéssemos re-surgir em grande, sem que nos lembrássemos de tudo o que se havia passado; o álcool seguiu a droga e subiu-nos à cabeça parecendo concentrar-se apenas no estômago, na garganta, na língua, nos lábios, na cara, no carro, no chão; falaram cara a cara comigo enquanto o tabaco me falou ao ouvido; as pessoas moveram-se por mim enquanto eu me esquecia delas e eu lutei por elas mesmo quando se tornaram egoístas (porque eu sou o derradeiro egoísta); a luta desenrolou-se depois de me ter atirado para o chão a chorar por quem não merece, depois de me quererem bater porque eu chorava ainda mais, depois de me arrastarem pela areia, depois de me sentarem e tomarem conta de mim; as discussões e o ódio acumularam-se entre os que me são me queridos; as discussões e ódio acumularam-se entre mim e os que me são queridos; eu cresci, ele cresceu, ela cresceu, todos eles cresceram e deixaram saudades daquilo que foram; choraram ao meu colo, cantaram para mim, abraçaram-me, beijaram-me, acariciaram-me com as palavras mais sérias e preocupadas de sempre; preferi fugir; decidi voltar; decidi ser eu, decidi tornar-me eu; decidi aceitar ajudas e retribui-las; decidi oferecê-las a troco de nada; decidi lutar por mim.

Era impossível ser amado. E, como tal, não o fui. Ainda assim, 2006 deverá ser considerado o "Ano do Cinema" - nunca eu me tinha envolvido em tantos filmes...

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Acordo.
- Quantos dias passaram?... - pergunto.
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Albert Einstein

Enquanto os intelectuais resolvem os seus problemas, os génios previnem-nos.
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terça-feira, 26 de dezembro de 2006

Bloc Party









The Prayer
Bloc Party
A Weekend in the City

sexta-feira, 22 de dezembro de 2006

Reflexo (5)

Parte 4
O Postal de Natal


Aos 15 todos fazemos o que fazemos; aos 20 temos a oportunidade única de fazer o que não mais voltaremos a fazer; tudo faz parte de alguma lei que se entendeu ser a da vida. Tudo isto estará certo desde que os princípios sejam os certos.
- É sempre mais fácil ajudar quem está longe que dar a mão ao nosso vizinho;
- É sempre mais fácil "encostar" e esperar que o mundo resolva;
- É sempre mais fácil esquecer que a nossa liberdade acaba onde começa a dos outros;
- É sempre mais fácil escamotearmos o ter que fazer nos chamados pensamentos filosóficos que irão mudar o mundo;
- É sempre mais fácil julgar os outros pela mediocridade dos actos, mas afinal as coisas básicas têm de ser feitas;
- É sempre mais fácil...

Nunca esquecer que todos temos algo a fazer e ninguém tem o direito de julgar!

Um bom Natal, Santo quanto baste, sensato e menos virtual.

Luís


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Escrevo a lápis tendo a esperança que a mensagem deste postal se apague com o tempo. Seria muito mais fácil falar de ti, fugindo ao facto de eu ser um chato de primeira, mas, seguindo o princípio básico que enunciaste - ninguém tem o direito de julgar - vou limitar-me a explicar, sinteticamente, de que fibra sou feito...

[ideologia política; gestão caseira]

Ainda assim, nunca poderás acusar-me de inconsistência entre a forma de pensar e a forma de agir. Cada vez mais, ajo, não sem pensar, não me limitando a tentar mudar o mundo, mas começando por algum lado. Afinal, não é o que os senhores deputados fazem naquela salinha?
Mesmo não tentando mudar o Mundo, sei que é possível fazer alguma coisa pelos que nos são mais chegados. Estando fisicamente longe ou não, ajudo quem me pede a mão e, ainda que não peçam, ajudo quem não o recusa, porque o orgulho ainda não possuiu o seu ser. Não há nada como o sentimento de partilha e confiança que advém da entreajuda inter pares. Quando o faço, tento passar uma mensagem com vista a corrigir um erro anterior, não através de um mero juízo de valores, mas de um ensinamento que toca a raiz do pensamento. Note-se: a displicência não forma o Homem. Ao ajudar, seja de que forma for, construo-me, enquanto colaboro para o bem-estar de quem agradece a minha presença. A liberdade alheia é respeitada na sua essência, uma vez que a pessoa em questão pode recusar.
Mas penso que falavas da liberdade de uso de bens materiais... na sua essência, o problema não deveria ser a proibição do seu uso, mas a sua conservação independentemente da utilização do objecto em causa. Se o bem for tornado comum, criar-se-á uma necessidade, também ela comum, de conservar o mesmo, visto que todas serão partes interessadas.
Concretizando, não te peço que mudes, mas, se prezas tanto tudo aquilo que é teu a ponto de proibires que toquem nas tuas pertenças, devo dizer-te que deverás passar a ter mais cuidado sempre que usares algo que seja meu. Não te peço que efectues qualquer tipo de manutenção, apenas que deixes no mesmo estado em que encontraste. O termo «arrumar» é-te familiar?

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Já tinha sonhado com o teu postal de Natal. Já lhe "conhecia" o conteúdo... Preferi manter a resposta que já tinha pensado, desta vez ao som do Sr. Variações ("É P'ra Amanhã"/"Muda de Vida"). Pretty self-explainatory. Aproveitando o facto de neste postal de "Natal" não constar nenhuma mensagem de "Feliz Natal", toma-o como uma mensagem de "Próspero Ano Novo". Próspero ou não, será diferente, certamente.

A mensagem que tento trasmitir-te é simples: luta-se por tudo aquilo em que se acredita, pois só assim será possível atingir uma meta mais longínqua, ainda que passo a passo. Para "encostar" e "deixar que o Mundo resolva" é preciso ser-se [ainda] muito ingénuo e, com alguma tristeza da minha parte, já passei [por] essa fase há algum tempo... A inconsistência e incerteza que advém da formação da mentalidade foi deixada para trás dando lugar à conformidade entre pensamentos, ideias e acções; e ainda hoje, não a identifico em ti.

P.S.: No anterior postal de Natal assinaste como Pai, no bilhete de aniversário como "Pai" e desta vez como Luís. Como esse pequeno gesto de mau gosto me pareceu inaceitável, decidi explicar-te quem sou. Pointlessly, perhaps; it is just the beginning, though.


Feliz Ano Novo,


Jaime ..............................

segunda-feira, 18 de dezembro de 2006

Há um ano atrás...

Yellow dreams.

Pela primeira vez, acendo uma vela por alguém. Alguém que não conheço mas considero um importante suporte para um dos meus maiores amigos de então. Penso que quando contactamos com a morte, quando estamos à beira do desespero, quando não temos alguém a quem recorrer, quando temos ninguém, quando nem pelo nosso nome conseguimos gritar, recorremos a algo aparentemente superior. A vela serve, portanto, para pedir, silenciosamente, para que o cabrão lá cima olhe pelo falecido. Morto. Defunto. Passado.

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Preparo a passagem de ano. Mas quero passá-la com o meu avô, que sei que pode passar, também ele, para o outro lado. E eu sei que quero passar do mesmo lado, ao seu lado.

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Choro e preocupo-me com os amigos mais chegados, e quero que estejam a meu lado para que eu saiba que estão bem. Faço viagens de carro, enquanto tenho dinheiro para gastar, compro chocolate, vejo um bom filme. Converso. Descanso. Descanso-os. Descanso-me, e espero que o amanhã seja melhor, ainda que saiba que não será. São 8:04 e ainda não adormeci...

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Sonho noite após noite com um dia que não aconteceu mas acontecerá - eu sei disso; porque os sonhos nos levam mais além... mesmo até onde não queremos ir, até nos mostrarem o caminho. Obrigado; (Não se agradece); Agradece-se sempre...

Reflexo (4)

Parte 2
A luzinha de Natal ou a mancha gráfica literária



Entro. Saio. Entro novamente e volto sair para a rua. Salto a poça de água que olha para as minhas narinas, vistas de baixo. Que horror. Não caio. As calças estão cada vez mais molhadas e cobertas de lama, mas não me importo; estou cada vez mais próximo da brancura da neve. O autocarro atravessa-se à minha frente, sobre uma outra poça (deviam ser primas) que se transformou em muitas gotinhas de água imunda. Eu imundo, agora. O motorista do autocarro segue viagem e os passageiros seguem-no, olhando para trás, para a aberração. Afinal, as aberrações ainda têm piada hoje em dia. Molhado, sujo, pensativo, sigo devagar até à paragem inexistente a 200 metros de minha casa. Os headphones (e não earphones) abafam os ruídos do exterior, de forma a que não tenha de me preocupar com nada, a não ser com a violação da minha própria mãe. O meu pai não se importa, por isso, alguém tem de se preocupar. A minha avó não gosta dela, mas eu sei que o meu avô se preocupa. E quer deserdá-la mas não pode. Por isso é que eu me preocupo, por não ter mais nada que fazer. Não tenho dinheiro, não quero ter amigos, não gosto de meninas com mamas muito grandes (agora há uns soutiens push-up, aumentam o tamanho das ditas cujas) e saias proporcionalmente curtas, não gosto de ler, não gosto da música que estou a ouvir e quero ver o tecto a girar de novo. Scratch scratch. Everything is everything. E enviar mensagens ridículas sabendo que a esperança de morrer acompanhado morre antes de ter nascido. Receber mensagens sem nexo e cair em desespero. Porque os animais também choram mas só quando as pessoas não estão a ver. Como no Toy Story, porque os brinquedos se mexem. Tirem-me desde mundo onde toda a gente se odeia em silêncio, porque eu também os odeio a todos ainda que não o diga... ou talvez não. A dependência é tão elevada. Morro sozinho sabendo que estou acompanhado e não quero estar. Mas eu sei que a culpa é minha. A neve começa a cair antes que eu consiga chegar à Faculdade de Psicologia, porque fiquei preso na faculdade ao lado. E faço mais um esforço, luto contra tudo e todos, contra a minha própria saudade e salto o telhado de novo. O salto parece perigoso aos que vêem de fora, mas para mim é apenas mais um salto em busca de algo maior. Aterro mal, cai-me a alma aos pés e é varrida pelos varredores da Câmara. Vai para o lixo, claro, até porque é uma mer**. Mas luzinha de Natal brilha, brilha lá no céu e não me deixa sozinho por muito tempo. O menino Jesus até gosta de mim, apesar de dar o cú (eu odeio que ele dê o cú) e o Cristo Rei tem os braços abertos às pessoas que se dirigem para a Margem Sul. Lisboa não é assim tão boa quando isso. Chego a casa e janto. Sem tomar banho, uma vez mais. Não tomo banho desde sexta e não me sinto mais porco do que todos os dias. Preciso de mais um cigarro enrolado com mortalhas saborosas ao som da selecção musical do tio Pedro. E talvez seja a solução para todos os meus males...

domingo, 17 de dezembro de 2006

Colecção de manias

A pedido de várias famílias, deixo-vos uma pequena colecção de cinco (e apenas cinco!) manias que me fazem parecer louco aos olhos do português comum...

Mania #1 - a gasolina está cara...

Evito, ao máximo, dar voltinhas com o carro. Além disso, o carro anda sempre na reserva e como tal, não deixo que ninguém o conduza (a não ser eu) para evitar gastos ligeiramente superiores. Evito passar das 2000 RPM a não ser em autoestrada (onde chego às 3000 RPM). Apesar de não deixar que o conduzam, não tenho qualquer problema em ceder o banco traseiro... sim, isto é verdade.

Mania #2 - chocolate para barrar no pão

A verdadeira utilidade do chocolate cremoso para barrar no pão não é "barrar no pão", mas "comer às colheres". No pão fica tão seco, não acham? Pior que isso: se de cada vez que lá enfio a colher usasse uma colher lavada, não poderia comer cereais ao pequeno almoço, por isso, tenho o cuidado de a lamber muito bem antes de a voltar a enfiar no boião...

Mania #3 - qualidade de som

Não gosto de ouvir música com qualidade de Rádio. Além disso, odeio ter ruídos de fundo enquanto ouço música, seja ela qual for. Preciso de fechar as janelas do quarto, a porta... mas não me chegou. Coloquei uma estante cheia de livros logo a seguir à porta, entre esta e o computador, para que o som se concentre...

Mania #4 - higiene pessoal

Há quem goste de lavar a cara, as maõs, os pés, quem goste de não se lavar de todo, quem goste da sensação de limpeza nas axilas... Eu gosto de lavar os dentes. Gosto da espuma, gosto da escovinha, gosto do sabor do dentífrico (menta), gosto da água fria, gosto do sabor do fio dental (hihihih) e do elixir.

Mania #5 - lista de contactos

Gosto de sincronizar a minha lista de contactos entre o computador e o telemóvel. Gosto de a organizar por nome próprio e apelido. Gosto de registar a alcunha, a fotografia do contacto, a morada, a data de nascimento, etc... Tudo aquilo que nunca me servirá para nada.

quarta-feira, 13 de dezembro de 2006

Espécie de vampiro


As batalhas de hoje em dia são travadas via MP3.

segunda-feira, 11 de dezembro de 2006

Amor

O amor cega-nos. É por isso que, sem que nos apercebamos, deixamos fugir a pessoa que amamos.

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"Perdi a mulher da minha vida."

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Corres atrás de um vulto que já não distingues na escuridão. Ainda lhe ouves os passos longínquos que se afastam cada vez mais até ao ponto de se tornarem num eco indefinido. Choras. O ruído do bater das lágrimas na poça que formaste eleva-se até ao céu. Ela não ouve e segue em frente, cegamente...

quinta-feira, 7 de dezembro de 2006

Happy endings


O tempo passa, bem ou mal, para aqueles que lutam contra a vontade inexplicavel de erguer uma parede contra as areias do tempo porque estas arrastam os corpos e espíritos para o negro, o vazio que todos pensam temer até que se aproximem um pouco mais.

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E assim, já sem medo algum, deixam-se arrastar lentamente até ao seu final negro e inevitavelmente triste, como qualquer final real.

'Cause happy endings are stories that aren't finished yet
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quarta-feira, 6 de dezembro de 2006

UNICEF

Na compra de um postal estará a ajudar a ovelha negra de cada família.