terça-feira, 4 de abril de 2006

Reflexo (2)

Parte 5
Funeral

A sexualidade quotidiana torna-se fúnebre quando observada do ponto de vista do morto; diz-se que cheirava a sexo, que emanava aquele odor a carne tão característico que todos apreciam, que comove, que excita. Mas acabou. Aquele odor a carne desapareceu e o morto tornou-se desinteressante.
No seu funeral não vi todas as amantes que teve em vida; ao invés, a sua esposa chorava-o cinicamente enquanto o mordomo a observava pelo canto do olho, despindo-a com o olhar.

A cor da imagem não é substituível pelo fulgor das palavras.