quinta-feira, 9 de março de 2006

Reflexo (1)

Parte 3
Do desenho




Pediste-me um desenho. Decidi-me pelas três caricaturas que te apresentei, cada uma do diâmtetro de um pequeno damasco. Não eram amargas nem doces, tão pouco satifatórias; até o damasco te teria servido melhor: poderias acariciar-lhe a pele, abocanhá-lo com vigor e saboreá-lo como se do acordar numa manhã soalheira se tratasse.
No entanto, admiro-te pela sofreguidão com que admiraste a composição disconexa que tracei no bloco que me confiaste. O teu elogio silencioso pesou-me no peito, acalmou-me e fez-me repensar um pouco aquilo que sou - aquilo em que me tornei.
Inacabado, como qualquer outro indivíduo que me rodeia, ainda busque diariamente novas formas de enaltecer a fraca personalidade que me consome. Não a quero, rejeito-a.
Olho-me ao espelho e vejo um pouco de mim no canto do quarto - o meu reflexo, sem dúvida; grita e gesticula, procura não ser agarrado pela inércia e estatismo da cultura de massas da sociedade actual. Afasta-se cada vez mais e deixa bem claro que nada poderei fazer para o recuperar. Abandono o meu próprio reflexo e repenso-me enquanto sombra: um ente negro, obscuro, desinteressante, e recupero a necessidade de aprender, porque sou trabalho inacabado, sou todos excepto aquele que idealizei ser.
Foco o espelho, de novo, redobrando a atenção. Fixo-me num ponto mais próximo: o castanho dos meus olhos, que se aproxima do negro enquanto a luz espelhada se revela num novo mundo que tenciono explorar.

Drawing by kmpyy (edição: Jaime Mascarenhas de Almeida)
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segunda-feira, 6 de março de 2006

Redefinições

A distinção entre Photograph.me e Caricature.me é cada vez mais ténue. Começo a achar-me ridículo.






Welcome to my new caricature: my own photograph.
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Do amigo

É uma afirmação sem arte alguma, mas tem razão e paixão; pesa-lhe a sinceridade, ainda que nem sempre verdadeira seja.
Aplica-se ao caso concreto, descobrindo a frieza não intencional dos actos irreflectidos; o ódio que estes revelam é inconfundivelmente certo, como o passar do tempo, que preferes perder a passar mal, ainda que comigo. Refugias-te entre as paredes monocromáticas que o Mundo te oferece e esperas pacientemente que o Sol brilhe só para ti.

Passaram três anos sem que te tenha conseguido ensinar que o Sol brilha por todos, e denota a felicidade - da qual não partilhas - com toda a cor e esplendor que não consegues ver ou sentir.
E, ainda hoje, insistes em mostrar-me os tons monocromáticos com que pintaste o Mundo em que vives.
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Something for a living

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Profissão: Fotógrafo amador, escritor wannabe, técnico informático, webdesigner.

Hobbies: Direito.

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domingo, 5 de março de 2006

De madrugada

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Nunca te menti.

E ainda que verdade, custa-me acreditar que menti por ti.


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