domingo, 25 de fevereiro de 2007

Baile de máscaras

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"Acabou o Baile de Máscaras", pensas, enquanto os teus amigos se arrastam levemente para uma nova espiral de intrigas que te fere a alma que já vendeste. A verdade e a mentira confundem-se de novo mas para ti tudo é simples de analisar; assim, olhas em teu redor e, calmamente, observas todas as peças do puzzle enquanto se desmontam (é-te intuitivo).
A mancha de pensamentos entra em conflito com a pureza do fumo que, a pouco e pouco, ocupa o lugar do ar respirável. É acendido mais um cigarro, ao fundo. Dois; pedem um terceiro. Eleva-se a nuvem cinzenta que lhes tapa as caras por alguns instantes, disfarçando assim a sua expressão. "Despeito" é a palavra que estica e encolhe no salão, ondulando compassadamente como se de uma parede alucinada se tratasse. À tua esquerda está o ponto de fuga, aquele onde todos os olhares convergem e de onde toda a antipatia diverge. A antipatia cresce mas, desta vez, percebes que não se trata de uma alucinação. Todos falam do mesmo, em tom crescente.
"A máscara cai novamente" mas sabes que não perdeste. Ainda que a expressão estática dos convidados indique surpresa, sabes que não reflectiram tempo suficiente sobre a situação para que cheguem a uma conclusão criadora de princípios. "O que são princípios bêbedos, de qualquer das formas?", uma contradição irónica e perfeita sem um único toque de sensatez; dotados de uma força impulsiva destrutiva, os princípios bêbedos têm tendência a não ser aceites nem pelos próprios, nem pelos restantes, uma vez que cheiram a hipocrisia.
Tapas a cara, de novo, mas sabes que não existe nenhuma saída lógica a não ser o conforto do peito do teu melhor amigo. Ele não está presente; estás sozinha.
Olhas à volta e pensas numa nova forma de encobrir a tua personalidade mesquinha; os convidados olham-te pelo canto do olho e pensam que "O baile de máscaras ainda agora começou".

domingo, 18 de fevereiro de 2007

Progresso

Da conversa erudita nasce a futilidade.

sábado, 17 de fevereiro de 2007

Alfred de Musset

Vive mal quem só vive para si.
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egoísmo/altruísmo

Decididamente, o valor das pessoas não se mede pela quantidade de tempo que passam connosco.

segunda-feira, 12 de fevereiro de 2007

Drugs

The world keeps spinning; you barely moved though.
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sexta-feira, 2 de fevereiro de 2007

Again

And it is all about you. Because you make me dream and still you offer me terrible nightmares.


E é assim. Assim que tudo acaba ou que tudo começa. Não tenho problemas, ou em bom inglês, I haven't got any issues. Mas ainda há qualquer coisinha de mim que me leva a pensar em ti. Não. Não faz sentido, e já me foi dito que as coisas que realmente importam nunca fazem sentido. Porque talvez importe mesmo. OK. Não fazem sentido, mas fazem sentir, e dão-me um sentido. A mim e ti. Ou a ela. Ou a ela. Por isso apressa-te e reage, reage tal como eu reagi, porque se não o fizeres, fa-lo-á ela. Ou ela. E não tu. E não é ela que eu quero. Nem ela. És tu.

Sei que as paixões vão e vêm como as ondas do mar. Sim. O amor é mais como um tsunami. Devastadoramente purificante.
Por isso não é amor. Eu sinto-me impuro. Porco. Nojento. Isto para não ter de utilizar vocabulário que eu mesmo censuro. E eu sei que tu não gostas e que nunca o utilizarias. Já ela também não gosta. Ela usa-o com frequência e sou eu que não gosto então. Por isso é que preciso de ti. Para me fazeres voltar, e fazeres entender que isso não é preciso. Que só preciso de ti.

Mas sinto-me feliz e em baixo. Isto pode parecer contraditório para ti, que és uma pessoa simples, simples assim como eu gosto. Porque eu também sou, apesar de não parecer. Porque me anulo um pouco em função de tudo o resto. Demasiado bom talvez, ou mau, por me faltar caracter. Ou não. O meu caracter é este mesmo, o facto de facilmente mutavel. Não. Falta-me a palavra certa. E julgo que nunca a vou encontrar porque só me vem o teu nome à cabeça. Pior que isto, eu sei que não é amor, porque não pode ser, e não faria sentido nenhum que assim fosse. E tu não vais ler isto de qualquer das formas... Já ela, ela vai ler. Mas ela não.

De que me serve falar dela se só penso em ti? E dela, como eu nunca pensei poder referi-la tantas vezes.

E não é amor. Ou é? Diz-me tu, já que andas a brincar em segredo... A brincar também se aprende. Eu é que não quero aprender. Porque muito disso já eu vivi.

Quero arrancar um sorriso dessa tua cara bonita. Não! Não! Não faças isso... o problema é sorrires demais. Porque eu não quero apenas o sorriso. Eu também sei sorrir. Também sei voltar as costas. Também sei fingir que não vejo. E que aliás, foi uma coisa que aprendi contigo, a esconder um pouco de mim, quando nunca tive medo de o fazer. Porque sei que tu o fazes. E não sei porquê, porque quando tudo parece tão bem, há alguma coisa que me faz bater com a cabeça contra uma parede. E quando abro os olhos, a parede já não lá está, e em vez dela tenho o céu. Vermelho-sangue. Cinzento-antracite. Azul-celeste. Amarelo-canário. Verde-água. Branco-puro.

E eu inspiro e parece-me frio. Porque não estás aqui, mas parece que ainda te vejo a tremer a meu lado. Ainda mais que eu, porque estava de facto muito frio, e eu não sabia que mais fazer. Porque o que estava frio não era o ar. Era eu. Por dentro, ainda. Mas quando te vi... Transformei-me numa pedra. Uma pedra, ainda capaz de sentir, mas não capaz de tocar. E ainda assim, com o teu toque... Estavas fria. Mais fria que eu, mas a culpa foi tua. E depois minha, e eu não me quero lembrar disso porque nessa altura até podia ter sido diferente.

(escrito há cerca de dois anos)