sexta-feira, 4 de julho de 2008

Girls with good personalities


If they have a great personality and they're not great looking... then who fucking cares? Well, let's just say hypotetically ok? What if they have a great personality? I know, I know. There are no girls with good personalities.

A good personality consists of a chick with a little hard body, who will satisfy all sexual demands without being too slutty about things, and who essentially will keep her dumb fucking mouth shut. The only girls with good personalities who are smart or maybe funny or halfway intelligent or talented, though god knows what the fuck that means, are ugly chicks. Absolutely. And this is because they have to make up for how fucking unnattractive they are.


terça-feira, 24 de junho de 2008

Heliocentrismo


Naquele dia brilhavas como o Sol; ofuscavas-me. Ainda assim, não deixei de olhar para ti.

O teu cabelo ruivo ondulava de forma sensual quando o empurravas para trás com a mão, tirando-o de cima dos teus ombros finos. O teu sorriso branco, vivo e sincero, que contrastava com a tua tez morena, apagava todos os que te rodeavam. E a tua voz!... doce e melodiosa. O verde dos teus olhos, que condizia de forma exótica com o cabelo e com as sardas da côr dos teus lábios finos, era transparente e límpido como a água.

Curiosamente, enquanto Sol que eras, enquanto atraías todas as atenções, sugavas a luz de todos os restantes. Por momentos pensei que reparava apenas em ti por teres conseguido apagar a pequena chama de todos os outros. Mas não fazia sentido; continuavas a ser a mais bela.

E ali estava eu, só, enquanto a minha mente passeava pelo infinito. Ainda assim, tu eras o infinito dele...

domingo, 9 de março de 2008

Criar o Futuro (V)


Cristina apanha o avião naquele dia chuvoso. O seu marido e filhos esperaram-na na sua humilde mansão no Canadá. A seu lado, está um senhor cuja cara não lhe é estranha.
Bernard, por seu turno, sabe perfeitamente quem é a senhora que viaja a seu lado; ele foi contratado por um brilhante homem de negócios, de nacionalidade britânica, para a assassinar. Nunca se propôs a aceitar um trabalho deste tipo. Foi obrigado a aceitá-lo pela pressão de forças maiores. Agora que a sua casa se encontra hipotecada está disposto a tudo para pagar as dívidas que se acumularam ao longo dos anos.

Cristina levanta-se e dirige-se para a casa de banho. Passados uns segundos, Bernard segue as suas passadas. Cristina abre a porta do cubículo e fecha-o de seguida. Bernard tenta interceptá-la, sem sucesso.

A porta do cubículo abre-se passados uns minutos. O silenciador da arma de Cristina abafa o som grave do tiro, tornando-o agudo e quase imperceptível àqueles que desfrutam a viagem, tranquilamente. Bernard cai, inerte, e é escondido numa das casas de banho.

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2008

Criar o Futuro (IV)


Cristina Mendes, filha da viúva, compareceu ao funeral. Dela, apenas se sabe que vive no Canadá e que se dirigiu a Lisboa para assistir ao enterro da senhora sua mãe. Não houve quem lhe dirigisse a palavra mas todos a olharam de soslaio, pelo menos uma vez.
Manuel, grande amigo da falecida sra. Mendes, mostrava-se calmo. Todos aqueles que compareceram ao funeral se dirigiram a ele como forma de lhe demonstrar o seu pesar. Apesar de agradecer, Manuel não verteu uma única lágrima pela viúva.

***

- Mas... Vitória, explica-me porque não queres voltar a ver-me!
- Bem sabes que sou casada.
- E que diferença faz? O teu marido nunca nos impediu de nos encontrarmos; até porque ele não sabe nem sequer desconfia do que se passa.
- Não sabe nem desconfia mas pode vir a saber. E agora, sai. Não tornes a voltar a bater a esta porta que não és bem-vindo.
- Por fav... - Vitória interrompe Manuel de forma irrascível.
- RUA!

Manuel saiu para não mais voltar. Vitória sabia-se grávida.

***

Cristina nasceu sem conhecer o pai. Segundo lhe contaram, este suicidou-se antes de saber que iria ser pai uns meses mais tarde. A viúva Mendes levou consigo o segredo bem guardado acerca da paternidade de sua filha. Manuel nunca havia sequer desconfiado, nem teria tempo suficiente para descobrir; Cristina voltaria ao Canadá após o enterro do corpo de sua mãe.

quarta-feira, 23 de janeiro de 2008

A teoria dos mini-mundos (por mim...)

Um mini-mundo não só pode como deve dividir-se em várias vertentes, com vista à sua compreensão, ainda que deva, quando compreendidas as suas constituintes, ser visto como um todo. Quando nos apercebemos de um mini-mundo, devemos distinguir as suas componentes físicas, tanto as inanimadas como as animais, vegetais e humanas, e as suas componentes espirituais.
Um mini-mundo é, portanto, necessariamente composto por pessoas que lhe imprimem um determinado valor, uma determinada ideia ou crença, seja ela qual for, e pelo espaço físico envolvente. As componentes espirituais (ideias, crenças, relações inter e intra mini-mundos) são decorrentes das pessoas e do espaço físico que, a dada altura, compõem determinado mini-mundo.
O mini-mundo tem, assim, como principal característica, a volatilidade. Um mini-mundo não existe senão aquando da presença do indivíduo num determinado espaço físico e, ainda que dois ou mais indivíduos em simultâneo se encontrem num mesmo espaço físico, não significa que o mini-mundo se apresente da mesma forma para todos eles.

Um mini-mundo é, então, a impressão que cada indivíduo cria acerca do espaço onde se move, que pode ou não ser partilhada pelos que o rodeiam.

Em resposta a A Teoria dos Mini-Mundos por mim: http://bernaskubrick.blogspot.com/2008/01/teoria-dos-mini-mundos-por-bernardo.html

terça-feira, 15 de janeiro de 2008

Criar o Futuro (I, II, III)

Da janela do quarto vejo Amadeus a pass[e]ar. O seu trajecto habitual não demora mais que 100 metros (e sim, o que mede a distância tem necessariamente uma correspondência temporal): casa-trabalho, trabalho-casa. Sai do 15 e, até entrar no 28 da mesma rua, não despega os olhos do chão, como se algum dos manequins daquela pequena boutique pudessem revolucionar a sua vida.
Lola observa-o dia após dia e não o vê mudar de direcção; deseja que um dia, como que por acidente, se cruzem na mesma rua os todas as manhãs e todos os finais de tarde o vê passar, cabisbaixo.
Após olhar durante mais um pouco, Lola segue a cliente para dentro da loja, ajuda-a a escolher o vestido mais indicado ao seu delicado perfil e conclui a primeira parte da sua tarefa como assistente de moda. Apercebendo-se da entrada subreptícia de um vulto, pela porta, Lola volta costas à sua cliente, fixando Amadeus nos olhos.
- Bom dia, diz, a custo.
- Bom dia. Gostaria de ver as blusas, para senhora.
- Para alguém em especial?
- Sim. Para a minha mulher.
Dito isto, Lola, pede-lhe, entredentes e já sem força nas pernas:
- Aguarde um momento, por favor. Estou a acabar de atender uma cliente.

***

Enquanto Adelaide prova o vestido que Lola escolheu para si, João brinca, impaciente, com a sua pequena bola de borracha. Desastrado, chuta-a com força através da porta da rua; Zazá corre atrás da bola, voltando para trás de imediato, ao avistar um cão enorme a poucos metros de si. João sai calmamente a porta, acaricia o pêlo negro do cão e retira-lhe a bola de entre os dentes.
- Como se chama?, pergunta.
- Tomás.
- O cão...
- Ah. Polis.
João dirige-se ao interior da loja mas colide com a sua mãe à entrada da mesma.
- Tomás?!
- Adelaide... por aqui?
As semelhanças entre os traços faciais de João e Tomás apresentavam semelhanças evidentes. O mesmo cabelo escuro e escorrido sobre a testa, as sobrancelhas finas, direitas e pontiagudas, os mesmos olhos negros em forma de amêndoa, o nariz delicado e os lábios bem-definidos, presentes na mesma cara bem-delineada. A pele de Tomás era, contudo, ligeiramente mais escura.
Adelaide agarra a mão do filho e despede-se de Tomás de forma tosca, evitando olhá-lo nos olhos. Ainda que não compreendendo a atitude daquela que fora em tempos uma grande amiga sua, Tomás encolhe os ombros e segue o seu caminho. Tem cerca de trinta minutos para atravessar a cidade.

***

Polis, o cão de Tomás, fitava, há alguns segundos, um cão do sexo feminino que urina à esquina do prédio. O seu rosnar feroz nenhuma reacção provoca na cadela que parecia encontrar-se num estado de apatia completa, como se o mundo tivesse perdido os seus contornos. Tomás puxa-lhe a trela, comprimindo-lhe a garganta com a coleira. O suspiro de Polis atrai, finalmente, a sua presa; no entanto, esta, passa-lhe à frente sem sequer levantar o olhar. Tomás puxa o seu fiel companheiro para a esquerda, mas este segue para direita; segue-a.
- Polis! Aqui!
De nada adianta o esforço do dono. O cão saíra do seu alcance, tendo iniciado a sua perseguição sexual. Os transeuntes afastam-se bruscamente, desviando-se dos animais e do dono de um deles, que os persegue ferozmente. Uns caem, outros barafustam, outros observam a cena, estupefactos.
A viúva Mendes passeava, àquela hora, alegremente, o seu gatinho albino. Consta que ia à mercearia, em busca de cerejas para fazer aquele bolo de que só ela conhecia a receita.
Ao dobrar a esquina, passa por ela, apressada, uma cadela de pelo claro. Seguidamente, após dobrar a esquina, a medo, contra a Sra. Vitória embate Polis, fazendo-a cair. Diz-se que teve morte imediata.
Polis e Tomás, cão e dono, ficaram prostrados na calçada enquanto viam, impotentes, Vitória Mendes caída e inerte.

(Partes I, II e III, originalmente publicadas em O Melhor Amigo)