sábado, 25 de fevereiro de 2006

A 40 milhas do Sol

A simpatia das pessoas assuta-me.

Não distingo as pessoas das não-pessoas. Identifico-me um pouco com qualquer destes tipos, desde o mais ao menos original possível, embora sinta, ainda, uma sede de diferença e originalidade perante tudo aquilo que me rodeia.
Quero re-surgir e mostrar ao Mundo o pó que me cobre.
Sinto-me como se tivesse sido deixado na prateleira durante uns anos, estático, imóvel; esquecido, até que aquele raio de Sol feriu os meus olhos após ter entrado furtivamente pela janela. Obrigou-me a abrir os olhos e a observar o Mundo, sem que eu lhe tenha conferido esse direito.


(risquei esta parte.)


Durante todos estes anos permaneci encostado à confortável posição da minha ignorância crescente, chegando mesmo ao ponto de não querer saber mais do que aquilo que esqueci. Percebo melhor todos aqueles que me rodeiam não sabendo o que esperar deles.
No passado conseguia prever-lhes todos os passos, e sei que no futuro próximo que se avizinha isso não voltará a acontecer, o que me permitirá dormir em paz... esta noite.


(risquei esta parte.)


Brinquemos a Deus. Observemos a reacção humana no primeiro dia, para que os possamos esteriotipar no segundo, dividindo-os em secções no terceiro. A tabela com as suas semelhanças será publicada no decorrer do quarto dia. Durante o quinto, encontrar-se-ão todos aqueles que fogem ao sistema, identificando as suas anomalias no sexto. Descansarei a partir do sétimo, sentindo que terei conhecido tudo.
Não é difícil esteriotipar a humanidade: é uma cultura de massas que nos move e que preferimos seguir a marcar um passo de originalidade; o medo faz com que assim seja. É por esse motivo que a simpatia me aflige. O mesmo sorriso amarelo de todos os dias confunde-se com tantos outros, de tal forma que me custa já distinguir o verdadeiro sorriso do sorriso-tipo.
O amarelo esbranquiçado quotidiano consome-me a carne e mente.



Sinto que escondes um sorriso vermelho-paixão.


J.

terça-feira, 21 de fevereiro de 2006

Sobre os lençóis

O sono encobre a minha lucidez e tolda-me os sentidos. Deito-me sobre os lençóis sem me tapar e fecho os olhos. Tento dormitar e tu és, ainda, a única grande imagem que não mo permite.
.
.
.
E quero que saibas que não te confiro esse direito.
.
.
.

segunda-feira, 20 de fevereiro de 2006

quinta-feira, 16 de fevereiro de 2006

Ciúme

Sabes, gostei de falar contigo. Transmites calma, apesar de todo o sofrimento silencioso que encerras no peito.
O homem também o sente, de outra forma, mas sente; e também quer chorar e por vezes não consegue. Nota que nem todos são assim e tens de facto de saber escolher, ou deixar que a escolha em si te toque no fundo. Não, não se trata de ouvir violinos, apenas de deixar o coração bater naturalmente: irá bater mais rápido na altura certa.
E o ciúme, perguntas tu, é necessariamente nefasto? Não. O ciúme é comparável à curiosidade: depende, em parte, do que queiras perguntar ou saber. Será adequado, e mesmo agradável, sempre que não firas os sentimentos de outrém. É bom sabermo-nos amados...
E o ciúme é uma das formas de demonstração dos sentimentos; não o considero um sentimento em si, pois sem um fundo amoroso, teria de o considerar um sentimento negativo. Assim, o ciúme deverá ser considerado um dos sentimentos que explica o amor, ainda que sendo o pior de todos eles. Corrói, destrói relações.

E assim, faz-nos crescer.





Aprendeste a confiar?

.

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2006

O despertar dos sentidos

O Mundo diz-te tanto sem que tenhas tempo para ouvir.

Pára. O tempo não é tudo, ainda que te consuma por dentro e por fora. Sim, masca-te a personalidade e saboreia-te a pele, trinca-ta e deixa-ta rugosa, elegante porém. A tua pele brilha como nunca, agora que as impurezas do teu corpo e da tua alma se evaporaram como gotas de água.
E nem te apercebes da dimensão da tua glória.

Ouve! O vento é bonito de se ouvir, lembra-te o mar que não aprecias e a chegada do Outono. Lembra-te o sopro do filho que nunca amaste.
Se todos à tua volta te parecem falar baixo, ouve com atenção; escuta-os e perceberás o sentido da futilidade que assume a vida que levas, o sentido do desinteresse da vida alheia e da cusquice do dia-a-dia, o interesse da paixão verbal do casal a teu lado.

Observa... O teu olho clínico apreendeu o verdadeiro significado do pôr-do-sol, ou tornaste-o novamente numa imensidão de raios laranja e vermelhos com tons de amarelo e rosa, que desce lentamente rumo ao outro lado, aquele que nunca viste e que ainda assim descreves como se de um dogma se tratasse?

Não compreendes a beleza do que te rodeia; não te dás o devido valor.



Pare, escute e olhe.



[Agradecimento de uma tarde no Castelo de S. Jorge]

quinta-feira, 9 de fevereiro de 2006

És amado

A escuridão da noite permite-me, ainda, ver-te desaparecer por entre as árvores negras. Sinto que há qualquer coisa, uma força superior que me repele e ao mesmo tempo me puxa para ti; quase como se nos esmagasse os corpos, como se os unisse por força do destino. O ar frio que me trespassa o corpo leva com ele os sentimentos mais quentes e apaixonantes que alguma vez atravessaram o meu coração, e espero que cheguem até ti. Que te toquem como me tocaram. Que te despertem...


Não esqueças os que te amam.
.

quarta-feira, 8 de fevereiro de 2006

Volta para junto de mim

És preciso aqui. Porque me ouvias sempre que precisava, e me aconselhavas mesmo quando não queria ouvir-te os conselhos.
Mas fugiste.
Porque fugiste? Estou há quatro dias sem te saber o paradeiro, e apenas me conforta a batida do meu coração, que me indica que tudo está bem. Ouve: ainda bate, devagar.
Custa-me a respirar, porém. E já não consigo falar. Perdi a voz; a minha voz de fadista deu lugar à afonia dos meus sonhos irrequietos e ruidosos. A cama range enquanto esperneio em busca do teu ombro amigo.

Mas, de súbito, o meu corpo suado acorda para a realidade do teu ser presente. E ali estás tu. Mais uma vez, os teus olhos penetram-me com todo o seu ardor, e fazem com que o coração teime em saltar-me do peito. E ali permaneço, à tua espera, inerte. E tu nada fazes.




Foges-me de novo.
.

terça-feira, 7 de fevereiro de 2006

Conceito. Bem-vindos.

O conceito subjacente a photograph.me decorre do anterior conceito utilizado no blog customize.me.

Comecemos por averiguar o significado das duas expressões:

1. customize verb to make or change something to suit the needs of the owner.
2. photograph noun a picture that is made by using a camera that has a film sensitive to ligt inside it.


Customize diz respeito a alterações. Procura-se aperfeiçoar ou alterar um determinado objecto, respeitando um conjunto diverso de pequenos moldes.
Photograph é como um espelho. Não há grandes alterações que possam ser feitas, ainda que necessárias. A fotografia pode ser alterada digitalmente, mas conserva a sua essência, não há maneira de lhe fugir.



É pena que tenha percebido isso tão cedo.


Welcome to my world.