domingo, 25 de fevereiro de 2007

Baile de máscaras

.
"Acabou o Baile de Máscaras", pensas, enquanto os teus amigos se arrastam levemente para uma nova espiral de intrigas que te fere a alma que já vendeste. A verdade e a mentira confundem-se de novo mas para ti tudo é simples de analisar; assim, olhas em teu redor e, calmamente, observas todas as peças do puzzle enquanto se desmontam (é-te intuitivo).
A mancha de pensamentos entra em conflito com a pureza do fumo que, a pouco e pouco, ocupa o lugar do ar respirável. É acendido mais um cigarro, ao fundo. Dois; pedem um terceiro. Eleva-se a nuvem cinzenta que lhes tapa as caras por alguns instantes, disfarçando assim a sua expressão. "Despeito" é a palavra que estica e encolhe no salão, ondulando compassadamente como se de uma parede alucinada se tratasse. À tua esquerda está o ponto de fuga, aquele onde todos os olhares convergem e de onde toda a antipatia diverge. A antipatia cresce mas, desta vez, percebes que não se trata de uma alucinação. Todos falam do mesmo, em tom crescente.
"A máscara cai novamente" mas sabes que não perdeste. Ainda que a expressão estática dos convidados indique surpresa, sabes que não reflectiram tempo suficiente sobre a situação para que cheguem a uma conclusão criadora de princípios. "O que são princípios bêbedos, de qualquer das formas?", uma contradição irónica e perfeita sem um único toque de sensatez; dotados de uma força impulsiva destrutiva, os princípios bêbedos têm tendência a não ser aceites nem pelos próprios, nem pelos restantes, uma vez que cheiram a hipocrisia.
Tapas a cara, de novo, mas sabes que não existe nenhuma saída lógica a não ser o conforto do peito do teu melhor amigo. Ele não está presente; estás sozinha.
Olhas à volta e pensas numa nova forma de encobrir a tua personalidade mesquinha; os convidados olham-te pelo canto do olho e pensam que "O baile de máscaras ainda agora começou".

Sem comentários: