domingo, 1 de abril de 2007

(+) Uma noite

"Faz o que tens a fazer".

A música não tem qualidade alguma e decido sair. Olho em redor e espero não ser apanhado a mijar na rua. As empregadas do Açúcar Pilé passam, bêbedas, e, sabendo agora que me viram de instrumento na mão, espero apenas que não tenham reconhecido o meu grande e encaracolado cabelo escuro. Dirijo-me para aquele café - então fechado - e espero pacientemente pelos restantes ao som do enrolar de um cigarro. E da Gloria Gaynor.

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Não percebes o Mundo; esforças-te e não consegues. E é por isso mesmo que nos damos assim, bem.
Olhas para mim e pedes uma resposta sincera - e sabes que a obténs: a coerência que procuras na energia do teu par não se coaduna com a necessidade de explicações que é por ti exigida aos que te rodeiam (mas continuas à procura do teu par impossível).

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Abraças-te a mim, no carro (e como eu repudiava que me tocassem e agarrassem), e esperas não ter de voltar a olhar lá para fora, tão cedo. Deixas-te embalar pela fúria com que as curvas são domadas e pensas no que aconteceu ainda não há muito atrás; chegando a casa, levantas violentamente a cabeça do meu colo e ergues o tronco, sais batendo com a porta e deixas-me, uma vez mais, preso aos meus sentimentos de não-sei-quê.



A vós, um abraço sentido

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