segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

O menino dos olhos tristes

(…) com os seus olhos pequeninos e fugazes, cheios de energia, divertidos e atentos ao mesmo tempo. Nessa noite, o menino, discreto, não escapou ao olhar atento do papão, que não se preocupou em esconder o que sentia. O papão rodopiou, saltou, cantarolou e gritou, correu as ruas da aldeia para a frente e para trás, mas onde quer que estivesse, apenas desejava olhar para os olhos pequeninos e vivos do menino.


Quando o menino foi embora, os olhos do papão perderam o brilho. O papão percebeu que tinha de voltar a encontrar o menino. Abordou pessoas na rua, abordou os cães e os gatos, abordou os pássaros e o sol e ninguém lhe soube dizer onde se encontrava o menino. Esperou pela lua e fez-lhe a mesma pergunta. A lua disse-lhe que o menino tinha pedido a uma nuvem para esconder o brilho dos seus olhos atrás de uma cortina de água que corresse sem parar.


Indignado, o papão pediu a outra nuvem que escondesse o pouco brilho que lhe restava, pois se o menino tinha decidido não brilhar por si só, o papão rapidamente percebera que não bastaria brilhar para si só para ser feliz. O papão queria partilhar o seu brilho com o menino e queria que o menino lhe desse o prazer de brilhar para ele. Mas o menino parecia não querer ouvir o que vento lhe dizia.


Certo dia, o vento levou ao menino a notícia de que todo o Mundo perdera o seu brilho encantador. O menino convocou todas as nuvens do céu e ordenou-lhes que fizessem cair todas as cortinas de água que tapavam o brilho dos olhares de toda a gente. As nuvens cumpriram a ordem do menino, excepto uma nuvem resistente que cobria ainda o olhar do papão. O menino procurou o papão e, brilhando só para ele, conseguiu que o papão brilhasse também. E agora que os olhos do menino brilhavam e agora que os olhos do papão e de todo o mundo brilhavam, o menino percebera que apenas por brilhar, faria o seu mundo mais feliz.

1 comentário:

Kiddo disse...

Sou só alguém que gosta muito do que escreves :)