segunda-feira, 8 de março de 2010

O papão

Não é bonito nem feio, nem bom nem mau. Segundo sei, considera-se justo. Os que o não conhecem fogem dele, mas é certo que o papão atravessa a vida de todos eles de uma forma ou de outra.

***

O papão acorda, desliga o despertador, trata da sua higiene e sai da gruta. os flashes das máquinas fotográficas obrigam-no a abrir os olhos, ainda ensonados. Cansado deste espetáculo, o papão abre o portão e dirige-se à multidão para que esta possa fotografá-lo sem que as grades incomodem o seu campo de visão. Assustados, os adultos agarraram nas suas crias, que tentavam correr na direcção do papão, e fugiram tão rápido quanto as suas pequenas pernas e os seus braços carregados o permitiram.

Cabisbaixo, o papão seguiu o seu caminho para fora do zoo, resistindo aos tratadores que tentavam impedi-lo de sair os portões.

Lá fora, tudo lhe parecia imenso. O céu, a terra e o mar ganharam uma nova dimensão. As árvores, as plantinhas e as pedras da calçada pareciam sorrir-lhe intensamente, mas todas aquelas que o haviam fotografado fugiam do papão a sete pés. Tentando compreender o que se passava, sempre afável, o papão continuou a [tentar] falar com as pessoas para tentar saber porque fugiam dele.

Tentou, continuou a tentar e, mesmo quando estava quase a desistir, continuou a tentar. Quanto mais tentava, mais triste ficava porque ninguém queria responder à sua pergunta. Até que, algumas janelas depois, debruçado para fora da janela do quarto, se encontrava o menino dos olhos tristes, (...)

2 comentários:

Bruno disse...

No fundo no fundo, todos nós temos o nosso sentido de justiça.

"Lá fora, tudo lhe parecia imenso. O céu, a terra e o mar ganharam uma nova dimensão. As árvores, as plantinhas e as pedras da calçada pareciam sorrir-lhe intensamente"

Obrigado, só para retribuir o sorriso ao céu, ao mar, as arvores e as pedras da calçada eheh

Está bueno sim

Anónimo disse...

E bonito isso,
Keep on touch amigo!
Eco