sexta-feira, 7 de agosto de 2009

Declaração de amor (III)


Amsterdão, 26/09/2009

É assim que das cinzas de uma velha paixão, do único amor que alguma vez conheci, consegue nascer uma nova paixão, um novo começo para o desespero. Se me perguntasses porque passei tanto tempo sem olhar para ti, eu não te saberia responder. Não há motivo algum para que eu possa ter ignorado ou reprimido aquilo que via em ti - ou, pelo menos, não durante tanto tempo.
Acompanhaste-me, mimaste-me com os teus beijos e com os teus abraços, preocupaste-te, falaste comigo sobre mim, sobre ti, mas nunca sobre nós. Nunca pensei que fossem bons ingredientes para um romance duradouro, tal como se avizinha. Sinto-me feliz por poder estar a teu lado. És uma pessoa simpática, inteligente e perspicaz, atenciosa e preocupada; és quem me completa.
Espanta-me saber que uma pessoa tão simples pode apreciar uma pessoa como eu, que me considero tão sofisticado, sempre à procura da última inovação científico-tecnológica. Espanta-me saber que uma pessoa tão ingénua como tu possa apreciar em mim a minha tentativa de compreender tudo e todos, de explicar o mundo, reduzindo-o à sua mecânica insignificância. Espanta-me olhar para a tua beleza e saber que te prendeste a mim. Tens uma cara expressiva e apaixonante, um corpo magnífico e um espírito digno de um dEus. Podias ter qualquer homem - ou qualquer mulher! - e escolheste-me a mim. Ainda hoje me pergunto porquê.

Avizinha-se o princípio de uma história com pernas para andar. Finalmente, encontro alguém que apenas precisa de estar a meu lado para me fazer feliz. Não preciso que seja mais nem menos. Não me pede que seja mais nem menos. Basta-me a sua presença a meu lado para me fazer sentir bem. Não há uma explosão emocional; não me parece que o meu peito vá rebentar a qualquer momento. A sensação não é opressiva; a sensação não me deixa sem fôlego. Será amor?...

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