segunda-feira, 13 de fevereiro de 2006

O despertar dos sentidos

O Mundo diz-te tanto sem que tenhas tempo para ouvir.

Pára. O tempo não é tudo, ainda que te consuma por dentro e por fora. Sim, masca-te a personalidade e saboreia-te a pele, trinca-ta e deixa-ta rugosa, elegante porém. A tua pele brilha como nunca, agora que as impurezas do teu corpo e da tua alma se evaporaram como gotas de água.
E nem te apercebes da dimensão da tua glória.

Ouve! O vento é bonito de se ouvir, lembra-te o mar que não aprecias e a chegada do Outono. Lembra-te o sopro do filho que nunca amaste.
Se todos à tua volta te parecem falar baixo, ouve com atenção; escuta-os e perceberás o sentido da futilidade que assume a vida que levas, o sentido do desinteresse da vida alheia e da cusquice do dia-a-dia, o interesse da paixão verbal do casal a teu lado.

Observa... O teu olho clínico apreendeu o verdadeiro significado do pôr-do-sol, ou tornaste-o novamente numa imensidão de raios laranja e vermelhos com tons de amarelo e rosa, que desce lentamente rumo ao outro lado, aquele que nunca viste e que ainda assim descreves como se de um dogma se tratasse?

Não compreendes a beleza do que te rodeia; não te dás o devido valor.



Pare, escute e olhe.



[Agradecimento de uma tarde no Castelo de S. Jorge]

Sem comentários: